terça-feira, 31 de março de 2015

Origens

Por vezes é quando paramos e pensamos que realmente reparamos nas coisas. 
Eu sou uma rapariga que nasceu num lugar lindissimo e num recanto que carinhosamente chamo de paraíso, é calminho, tem mar e flores. Agora, vivo num sítio cheio de movimento, tenho carros a passar-me à frente da janela do quarto e da cozinha a toda a hora. Para qualquer lado da casa que me vire, estou a levar com o barulho da atarefada cidade em que vivo. Digo isto, não negativamente, mas sim para constatar a diferença de estilo de vida que o rumo do meu destino me levou. 

A verdade é que realmente gosto. Gosto de sair à porta de casa e ter uma Sephora, um Macdonalds e uma H&M mesmo assim a uns quantos metros. É normal, tudo isso se torna útil para qualquer pessoa, é sempre bom sair de casa e poder ir ver umas novidades, ter a confusão da cidade, que mesmo que seja por vezes cansativa, nos põe de alguma forma a viver.

Mas tudo aqui passa depressa demais, tudo aqui é rotina, tudo aqui tem que ter um bocadinho de tempo para sabermos valorizar o quanto é bom o descanso das nossas raízes, neste caso, das minhas. E, não querendo parecer metida demais na minha rotina, a verdade é que foi preciso a casa estar completamente vazia de confusão, eu estar metida nos meus próprios pensamentos, a beber o meu café sagrado, para perceber que realmente...o quanto bem me fazia estar num recantozinho da minha casa, com o sol a bater-me e tudo o que ouvisse fosse quase a minha respiração...ou o John Mayer, que também me acalma e muito. Para quem ainda não tentou esse truque, tentem! Conselho de amiga! 

É por estas e por outras, que cada vez mais tenho a certeza, que sou menina de cidade, mas tenho um lado, aquele lado que bate mil vezes mais rápido quando se pensa e que faz um apertozinho no peito de saudades, que me faz voltar e pedir...que tudo seja assim, mais calmo, mais "meu". 


Resumindo, eu ficava bem num sítio assim o resto da vida...juro.

sábado, 28 de março de 2015

Desabafos #1

Na verdade, nem tudo o que achamos que deve ser, ou que vai ser, realmente acaba por ser. Há quem diga, que se não foi, era porque não tinha que ser. As teorias, são muitas, eu própria refugio-me nelas, procuro encontrar respostas nessas crenças que, por vezes, tudo no final tem uma razão. E acredito, acho que todos nós no fundo temos que acreditar, afinal, talvez seja isso que mantenha essa esperança, que tantos dizem que é a última a morrer. 

Ontem, e longe de comparação possível com qualquer situação que me dá uma certa "comichão" na minha cabeça, eu fixei-me numa miúda, que não por ser diferente, ser especial, conquistou a minha atenção e fez-me pensar, que realmente, há sorrisos tão simples e bonitos que são tão inconscientes que se tornam mais bonitos que qualquer sorriso que se procure em situações que de alguma forma pensamos que nos fazem bem.

Essa menina tinha/tem trisomia 21 e eu não a conheço, não tenho qualquer contacto com ela na verdade, mas, e como uma "espetadora" atenta de sorrisos genuínos por natureza ou simplesmente por ter que levar com eles como uma "chapada" para aprender, mantive-me atenta e fez-me pensar, pensar que realmente os meus problemas, são tão pequeninos, as pessoas são tão "pequeninas" com tanto gesto que nem notam. E com isto, quero dizer, que nós, não merecemos, não devemos sequer pensar em dizer um "desculpa", nem muitas outras coisas que nos atiram, como flechas sem pensar principalmente nas consequências. Nunca a frase "as desculpas evitam-se", esse cliché tão usado por nós, fizeram tanto sentido na minha cabeça. E sabem porquê? Eu sei que sabem. Porque, um desculpa não apaga nem um bocadinho daquele "soco" que se sentiu no estomago quando se ouviu tais palavras. Porque um desculpa não apaga qualquer menosprezo que tivemos. Porque um desculpa, não faz nada voltar atrás.

Isto é um mero desabafo. Um mero desabafo de quem acredita que realmente há coisas que acontecem por uma razão, que tudo tem um passado, um presente e um futuro. Mas que, cada vez que se rouba um sorriso genuíno, nunca, mas nunca se deve pensar em tirar esse sorriso e substituir por outro sentimento qualquer, porque se soubeste fluir um sentimento tão bonito como a felicidade, também és bem capaz de o manter.